quinta-feira, 27 de maio de 2010

Contradições são engraçadas...
Há tempos eu era o nada de ninguém...
Hoje virei o sonho de alguém...

Lembro como se fosse ontem
Dos tempos de menina travessa...
Que corria pela rua...
Jogava bola, brincava de pega-pega...

Hoje já não sou mais aquela menina
Que acreditava em tudo...
E com a inocência típica da infância
Via o mundo com olhos brilhantes...]

Agora, minha vida é correr...
Em busca disso, pra fazer aquilo...
Sempre correndo, sem nunca chegar...

Sei...
O mundo gira, a vida continua
E temos sempre que segui-lo...
Mas vale assim a pena??

Não posso ser ainda menina e mulher?
Travessa e séria?
Doce e amarga...

Afinal...
De que vale ser apenas uma só...
Quando posso ser o que quiser??


Garotinha da Noite

Hoje descobri que tenho um amor...
Mas não bastava ser amor...
Tinha que ser platônico...

Eu presciso dele como do ar...
Eu vivo dele...
Eu o quero a mais que tudo...
Mas ele não se importa comigo...
Não sei nem dizer se sabe que existo...

Ele sem mim continua sendo o que é...
Eu sem ele sou nada...
Está enraizado em meu ser...
Cravado em minha alma...

Mas ele está sempre comigo...
O tempo em que não podia tê-lo
Chegava a beira da loucura...
Sempre prescisando de mais...

E apesar de me pertencer
Ele ainda se mantém livre de mim...


Livro

Porque não posso existir em vós
Assim como vives em mim??



Garotinha da Noite

terça-feira, 25 de maio de 2010

Um belo texto...Que descreve a todos nós que escrevemos...

Pensava que escrevia por timidez, por não saber falar, pelas dificuldades de encarar a verdade enquanto ardia, arvorava, arfava.
Há muitos que ainda acreditam que começaram a escrever pela covardia de abrir a boca.
Nas cartas de amor, por exemplo, eu me declarava para quem gostava pelo papel, e não pela pele, ainda que o caderno seja pele de um figo.
O figo, assim como a literatura, é descascado com as unhas, dispensando facas e canivetes. Não sei descascar laranjas e olhos com as unhas, e sim com os dentes. Com as mãos, sei descascar a boca do figo e o figo da boca, mais nada.
Acreditei mesmo que escrever era uma fuga, pedra ignorada, silêncio espalhado, um subterfúgio, que não estava assumindo uma atitude e buscava me esconder, me retrair, me diminuir.
Mas não!
Escrever é queimar o papel de qualquer forma.
Desde o princípio, foi a maior coragem, nunca uma desistência, nunca um recuo, e sim avanço e aceitação.
Deixar de falar de si para falar como se fosse o outro.
Deixar a solidão da voz para fazer letra acompanhada, emendada, uma dependendo da próxima garfada para alongar a respiração.
Baixa-se o rosto para levantar o verbo.
É necessário mais coragem para escrever do que falar, porque a escrita não depende só de ti.
Nasce no momento em que será lida.

Fabrício CArpinejar

sexta-feira, 21 de maio de 2010




Eu, que estava tão acostumada a ser sozinha...
Agora já não sei mais ficar em companhia da solidão...
Justo ela! Que sempre esteve comigo...
Que viu minhas tão raras lágrimas rolarem...

Seria ingratidão minha querer dela apenas distância?
Seria assim tão errado dispensar sem cerimônia a quem me deu a mão?
Será que me tornei finalmente um monstro?
Que só sabe pisar em quem está a seu lado...

Mas eu não a quero mais!
Não posso mais suportar sua presença agoniante...
Esse silêncio frio que ela me impõe...

Porque ao invés dela, não vem pra perto de mim quem eu tanto quero...
Ele, eu não iria mandar embora...
Ele, eu não deixaria de querer...
Ele, eu não deixaria partir...

Mas é ela quem aqui vive...
Tenho que voltar a me acostumar com ela...
Ela...
Minha solidão...



Garotinha da Noite

segunda-feira, 3 de maio de 2010


Vontade de te ter em meus braços e acalmar sua dor...
Vontade de pegar sua mão e te levar para longe...
Vontade de abaixar minha guarda e me deixar te amar de verdade...
Vontade de dizer que és meu...


Mas vontades não passam de ilusões...
De sonhos perdidos em algum lugar do nosso coração...
Mas que logo foi engolfado pela realidade...
Fingindo-se de morto...


Mas basta uma música...
As vezes até mesmo uma palavra...
Pra depertar esse desejo de te ter...
E me fazer sofrer novamente...


Eu queria me libertar de você...
Dessa falta que você me faz...
Desse vazio que sinto por não te ter comigo todos os dias...
Mas esse é apenas mais um querer que não pode ser realizado...


De alguma forma estou presa a você...
E na verdade...
Não sei se quero me soltar...



Garotinha da Noite